sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

90% das crianças de abrigos de BH terão Natal de aconchego

Cidade dá exemplo de solidariedade e apadrinha maioria dos 450 meninos e meninas asilados


Natal em 'família': casal Filipa Alves e Tiago Muriel com o afilhado R.M.C., 4 anos






Nada de videogame, computador, roupas de marca ou brinquedos caros. O presente de Natal mais esperado por meninos e meninas que vivem em abrigos de Belo Horizonte é o simples aconchego de uma casa. A essência natalina, recheada de simplicidade e humildade, encontra terreno fértil no coração de crianças e adolescentes graças à solidariedade de famílias mineiras.
Dos 450 jovens que vivem em abrigos da capital, quase 90% foram apadrinhados neste ano, conforme revela o Centro de Voluntariado de Apoio ao Menor (Cevam). A ideia é que este acolhimento não se limite ao período de festas, mas continue durante o próximo ano.
Empenhados em apadrinhar uma criança, Filipa Alves Oliveira, 31 anos, e Tiago Muriel, 30, revelam que este será o Natal mais feliz de suas vidas. Com empenho e determinação, eles conseguiram realizar um antigo sonho: trazer uma criança de um abrigo para dentro de casa. Esse desejo, segundo Filipa, se fortaleceu em novembro, quando o casal foi conhecer o TJ Criança Abriga, que acolhe menores em situação de risco. O sortudo foi o pequeno R.M.C, de 4 anos.
Surpreendido pelo espírito de Natal, R.M.C, é pura emoção ao falar do acolhimento dos padrinhos. “Achei muito legal. Gostei de tudo daqui”. Segundo Tiago Muriel, a intenção do casal é tornar-se padrinho permanente da criança.
A iniciativa do apadrinhamento pertence ao Cevam e faz parte do programa Com Viver, que, este ano, completa 10 anos. Os afilhados vivem em 23 abrigos espalhados por Belo Horizonte. Para o presidente do Cevam, Ananias Ferreira, a ação voluntária é fundamental para a recuperação destes jovens. “Aqueles que estão nos abrigos foram levados em razão de problemas familiares. Essa experiência (o apadrinhamento) contribui para o crescimento e desenvolvimento de todos eles”.
Se o tempo é de paz e esperança, não são só crianças e adolescentes os beneficiados. Na corrida pelos afilhados há espaço para outras gerações. Idosos também podem ser adotados na capital mineira. No asilo Lar Dona Paula (Rua Henrique Gorceix, número 315, Padre Eustáquio), muitos telefonemas foram recebidos de pessoas interessadas em apadrinhar, mas nada aconteceu.
Em outros asilos procurados pela reportagem a situação se repetiu. Para o Natal, não dá mais tempo, porém, a direção do asilo Lar Dona Paula informou que o local estará aberto nos próximos dias para receber visitantes interessados em ajudar de outras maneiras. Informações: (31) 3464-6458.
Já para ser padrinho de uma criança ou adolescente, é preciso ter mais de 18 anos e dez anos a mais que o afilhado. O interessado precisa fazer um cadastro e uma entrevista. Passado o período natalino, quem quiser apadrinhar as crianças em fins de semana, férias ou em outras datas deve se cadastrar na Rua Goitacazes, número 71, sala 1.407, Centro. Informações: (31) 3224-1022.

Fonte: www.hojeemdia.com.br