quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

História do Carnaval

Carnaval surgiu como festa de 'despedida dos prazeres' antes da Quaresma católica

Antes dos 40 dias de 'privações' impostas, povo comia e bebia muito.
No Brasil, festa começou com o Entrudo, brincadeira considerada violenta.

Reprodução

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Carnaval de Veneza tem tradição de máscaras

Embora tenha anos de tradição no Brasil e no mundo, o carnaval não começou com escolas de samba desfilando pelas ruas e mulheres bonitas sambando com fantasias superproduzidas. A história da festa que hoje mobiliza milhares de pessoas durante o ano tem início controverso: alguns dizem que já existiam comemorações parecidas nas sociedades greco-romanas e egípcias da antiguidade, e outros argumentam que o verdadeiro carnaval nasceu na Idade Média, com o surgimento da Quaresma criada pela igreja Católica.

Segundo o pesquisador Felipe Ferreira, autor de "O livro de ouro do carnaval brasileiro", as comemorações pagãs antes de Cristo foram precursoras de todo tipo de festa publica e não apenas do carnaval. Em seu livro, ele escreve que as festas em homenagem à deusa Isis ou ao deus Baco, por exemplo, incluíam pessoas mascaradas, bebidas e outros excessos. Mas foi só nos primeiros séculos da era cristã que há relatos mais detalhados de festas que juntam máscaras, fantasias e desfiles.

Segundo ele, nesse sentido, o conceito de carnaval é duplo, podendo significar tanto um espírito festeiro, que pode se manifestar em qualquer época do ano, quanto o carnaval em si. “Em suma, no carnaval existe carnavalização, mas nem toda carnavalização é um carnaval”, escreve.

'Bota-fora' para a Quaresma

No ano de 604, o papa Gregório I definiu que, num período do ano, os fiéis deveriam se dedicar exclusivamente às questões espirituais. Seriam 40 dias em que se deveria evitar sexo, carnes vermelhas e festas. Quase quinhentos anos depois, a irmandade católica definiu as datas oficiais da chamada 'Quaresma', e o primeiro dia dela se chamaria ‘quarta-feira de cinzas’.

Aconteceu que os dias antes dessa quarta-feira começaram a ser de intenso consumo de carnes, bebidas e de festa. Aesse período deu-se o nome de ‘adeus à carne’, ou ‘carne vale’ em italiano, que,depois, passou a ser ‘carnevale’. A palavra virou sinônimo do que seria uma espécie de antônimo da Quaresma. “As ruas enchiam-se de gente fazendo tudo aquilo que não se devia ou não se podia fazer durante o resto do ano. [...] O que dava o caráter especial ao carnaval era a grande concentração de brincadeiras num mesmo período, a proximidade com a longa abstinência com a Quaresma e o fato de a coisa toda ter dia e hora marcados para acabar”, escreve Felipe Ferreira.

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Carnaval história

Os dias de festa antes da Quaresma passaram a ser apoiados, embora não oficialmente, pela própria igreja, que dessa maneira podia cobrar mais rigor religioso no perído pós-folia.

Durante a Idade Média, o 'bota-fora' para a Quaresma tinha máscaras e fantasias. As mais comuns eram de urso e de homem selvagem. Em peças teatrais, que se tornaram uma das principais atrações das comemorações carnavalescas, o 'Senhor Carnaval' lutava contra a 'Dona Quaresma'. Nessa época,os jovens eram os grandes organizadores das brincadeiras de carnaval, formando grupos (as 'sociedades alegres') e se apresentando na cidade.

Carnaval virou chique em Paris

Com o passar do tempo, as festas antes da Quaresma tornaram-se mais elaboradas e elitizadas. Em Veneza, por exemplo, a temporada passou a começar no início de janeiro. No período iluminista, até óperas celebravam o carnaval italiano e os mascarados andavam por toda a parte de Veneza. Na França, o rei Luis XIV comandava ele próprio bailes nos salões reais.

Mas a invenção do carnaval como o conhecemos hoje, com bailes e desfiles de fantasiados, aconteceu na Paris do séc XIX, mais precisamente em 1830. “Os donos do poder parisiense rapidamente perceberam os prazeres e as lucrativas negociações que poderiam resultar das festas carnavalescas” escreveu Felipe Ferreira.

A burguesia parisiense passou a patrocinar os maiores bailes a fantasia da temporada e surgiu a noção de mistura entre as classes sociais. Foi esse modelo de carnaval que mais tarde seria adotado no Brasil.

No Brasil, a mistura

Os festejos nos dias que antecediam a Quaresma no Brasil recém-colonizado aconteciam da maneira lusitana. As brincadeiras se chamavam 'entrudo' e consistiam em jogar água, pós, perfumes e outros líquidos, ovos, sacos de areia, entre outras coisas sobre os pedestres. A brincadeira era considerada violenta e chegou a deixar mortos no país.

"Isso mudou no começo do século XIX, quando o país foi se tornando mais desenvolvido, e quis se livrar do passado português. Uma das formas de se distanciar da ex-metrópole era acabar com esse costume do entrudo, que era considerado ultrapassado, selvagem e grosseiro. Para isso, a burguesia do Rio de Janeiro procurou um modelo sofisticado de carnaval, que na época era o de Paris, com bailes e desfiles de carruagens", explicou Felipe Ferreira.

Mas, segundo ele, essa presença de um novo tipo de carnaval, ao invés de acabar com as festas de rua, com o 'entrudo',fez uma mistura que não é nem só da elite nem só popular. "Começam a surgir formas de organização variadas como blocos, clubes, cordões e ranchos, que vão fazer com o que o carnaval carioca, que influencia o carnaval do Brasil todo, fique diferente dos carnavais de qualquer outro país", diz Ferreira.


Fonte da Internet: ( http://g1.globo.com/Carnaval2009/0,,MUL1006092-16634,00.html)

Um comentário:

  1. Eu sempre ouvir falar na versão da antiguidade, onde a cultura era politeísta e cada Deus tinha sua festa, com uma comemoração diferenciada. Na época em que hoje era o nosso carnaval (tem a lua certa, não sei qual é), era a época da festa do Deus Baco, deus do vinho: o famoso Bacanal. No bacanal, o vinho era o prato principal, e as pessoas bebiam muito. Com o efeito do alcool, tudo era liberado e para não ter a famosa "ressaca moral", usavam as máscaras para não serem reconhecidos.
    Quando veio o cristianismo, para acabar com as festas pagãs, fizeram coincidir muitas delas com os festejos católicos, e datas como páscoa, natal, carnaval, são antigas comemorações pagãs.
    Bem, é assim que eu conheço a história do bacanal.... ops! Carnaval!!!
    Beijos, Fi! Adorei o Blog! Mari.

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